Se não percebes nada do assunto mas sempre tiveste curiosidade em saber como é que as bolsas de valores funcionam e como é que se investe em ações, vieste ao sítio ideal para quem está a começar do zero.
Este mini-curso introdutório foi pensado para quem não percebe nada sobre bolsa ou investimento em ações mas sempre teve curiosidade pelo assunto e não sabe por onde começar. Primeiro irás aprender as 10 coisas que precisas de saber antes de investir em ações com alguns exercícios práticos pelo caminho e no fim irás testar os teus conhecimentos através de um quiz interactivo. Vais precisar de dedicar cerca de 1 hora do teu tempo.
O curso é totalmente online e sem qualquer supervisão, passando pela leitura de um conjunto de pequenos textos de apoio, pela realização de pequenos exercícios práticos facultativos e um quiz final se quiseres avaliar os teus conhecimentos sobre o assunto.
Pretendemos partilhar um conjunto de conhecimentos essenciais que qualquer pessoa deve dominar antes de começar a pensar em investir em ações. O estudo e compreensão do funcionamento dos mercados de capitais e da formação dos preços de ações requer esforço e dedicação e é fundamental para a actividade de investimento nos mercados financeiros. No fim desta actividade deverás ficar com uma ideia básica e genérica da lógica dos mercados e do investimento, e perceber se queres continuar a aprender e a explorar este universo.
estrutura
metodologia
Vamos a isto?
objectivos
1.
O que é uma Ação?
Uma Ação é título mobiliário negociável que permite possuir um pedaço de uma empresa e usufruir de certos direitos (votar, receber lucros, etc.).
Uma Empresa é uma organização societária que gasta dinheiro e recursos para oferecer algo (bens ou serviços) e recebe dinheiro e outros recursos em troca desse algo. Se conseguir receber mais do que gasta ao longo do tempo e de forma sustentada, irá acumular riqueza e recursos que poderá utilizar para gerar ainda mais riqueza, e novos recursos, ou distribuir parte da riqueza gerada a quem colocou dinheiro e recursos na empresa para esta conseguir oferecer aquele algo (trabalhadores, investidores, financiadores, etc.).
Este ciclo empresarial faz parte do grande ciclo económico inerente à História da Civilização movida pelo Engenho Humano.
Exercício:
Pensa num produto que uses ou consumas regularmente (por exemplo o teu computador, o teu telemóvel, a tua roupa ou a tua pasta de dentes...) e tenta descobrir qual é a empresa
ou grupo empresarial que o produz.
2.
O Grande Ciclo da Economia:
-
usamos recursos para inventar e produzir bens e serviços que satisfazem necessidades e resolvem problemas;
-
os bens e serviços são consumidos por pessoas, famílias, ou outras empresas e entidades, com vista à satisfação das suas necessidades e em troca de dinheiro ou outros recursos;
-
esse dinheiro e novos recursos são usados para continuarmos a produzir novos bens e serviços.
Este ciclo económico teve historicamente três resultados discutíveis e controversos:
-
uma melhoria generalizada da felicidade e qualidade de vida e dos níveis globais de desenvolvimento sócio-económico;
-
uma acumulação de riqueza desigual;
-
e um impacto ambiental negativo devido à amplificação da escassez de recursos e à produção exponencial de resíduos, desperdícios, excessos e também de produtos e serviços que podem ser considerados desnecessários ou pouco úteis.
Independentemente de valores e convicções políticas e ideológicas, de uma forma ou de outra todos nós participamos neste ciclo, mesmo que nos isolemos da sociedade. Viver implica consumir recursos, e para termos esses recursos disponíveis temos de aplicar esforços ou depender dos esforços de outros. O próprio corpo humano repete este ciclo permanentemente a um nível homeostástico, metabólico e natural.
Exercício:
Desenha um pequeno esquema que ilustre o percurso que aquele produto, que escolheste anteriormente, percorreu desde o momento em que ainda era matéria-prima até chegar até ti. Para isto, tenta perceber qual a sua composição, que matérias-primas foram usadas na sua produção e de onde vieram, quais os seus diferentes componentes, quem fornece essas matérias-primas ou esses componentes, onde e como é que o produto é produzido ou fabricado, quantas pessoas estiveram envolvidas nesse processo, e depois de pronto para consumir como é que chegou até ti, por quantas mãos passou até chegar ao local onde o compraste, etc.
Este é um excelente exercício para reflectir sobre aquilo que consumimos e em toda complexidade que está por detrás do mais simples dos produtos.
3.
Durante a evolução dos ciclos económicos aconteceram cinco coisas importantes:
-
o desenvolvimento das técnicas, das ciências, da tecnologia e das atividades produtivas (agricultura, pecuária, pescas, indústria, serviços, etc.) e consequentes revoluções industriais;
-
a divisão internacional do trabalho;
-
o desenvolvimento do comércio enquanto atividade de troca de bens e serviços, e o progressivo aumento do número de transações;
-
o desenvolvimento dos mercados enquanto local físico e ponto de encontro para a realização das trocas;
-
e a criação da moeda enquanto instrumento e meio de troca, de reserva de valor e de unidade de medida nos mercados.
Exercício:
Voltando ao produto que escolheste, reflecte sobre o facto de que provavelmente o mesmo não teria chegado até ti se estes 5 fenómenos não tivessem acontecido. Pensa na relação de cada um deles com o produto.
4.
Toda a sofisticação empresarial, industrial, tecnológica e financeira do mundo de hoje, aclamada por uns e censurada por outros, representa o resultado de uma constante resolução e evolução do grande ciclo.
Participar no mundo empresarial e industrial, seja através do nosso trabalho como empregados, gestores, inventores ou empreendedores, seja através dos nossos recursos como fornecedores, financiadores ou investidores, seja através da procura pela satisfação das nossas necessidades como clientes e consumidores, tornou-se em algo inerente à condição humana na atual organização civilizacional e societária.
Uma das formas mais sofisticadas de participar no ciclo empresarial é através da compra e venda de ações.
Exercício:
Faz uma simples pesquisa na internet para descobrir se a empresa que produz o produto que escolheste está cotada em bolsa, se não estiver ou se não tiveres a certeza podes escolher outra empresa que conheças e que esteja cotada em bolsa.
5.
As bolsas de valores, ou o mercado de capitais, é onde se compram e vendem ações, entre outros valores mobiliários. Qualquer pessoa pode comprar ações de empresas cotadas, usualmente através de um intermediário financeiro, participando assim no capital da mesma.
Quando as ações são emitidas pela primeira vez, quem compra ações está a ceder dinheiro à empresa para gastar naquele processo de produzir algo e gerar riqueza. Quando as ações são negociadas entre investidores, está-se a transferir entre eles a participação no investimento.
Os preços das ações variam nos mercados ao longo do tempo consoante um conjunto diverso de fatores. Essas variações fazem com que este tipo de investimento seja algo relativamente arriscado.
Exercício:
Procura na internet um site onde possas ver as cotações das ações da empresa que escolheste e tenta ver o gráfico da sua evolução histórica de preços. Se tiveres dificuldade tenta o site de um jornal ecónomico.
6.
O investimento em ações pode servir três objetivos diferentes:
-
participar meramente no capital da empresa;
-
controlar ou influenciar o destino da empresa;
-
e ganhar dinheiro com a compra e venda de ações, ou por outras palavras, rentabilizar o investimento através do valor de mercado das ações.
Exercício:
Vamos imaginar que tinhas comprado 10.000 ações da tua empresa no dia 30.01.2020 e agora precisavas de as vender o mais rápido possível ao preço actual do mercado, qual seria o resultado deste investimento?
(Dica: precisas de saber qual a cotação do dia 30.01.2020 e qual a cotação actual, depois é só multiplicar e calcular a diferença.)
Como é que se ganha dinheiro com a compra e venda de ações?
-
Comprar barato e vender caro, não necessariamente por esta ordem;
-
e participar na distribuição dos lucros da empresa, recebendo dividendos.
Como tal, o grande desafio está em saber quando comprar ou vender, e o que comprar ou vender, considerando os possíveis dividendos a receber.
Exercício:
7.
Voltando ao histórico de cotações da tua empresa tenta identificar um intervalo de tempo entre duas datas onde o preço da ação tenha claramente subido e onde teria sido possível obter um ganho comprando na data inicial e vendendo na data final desse intervalo. Com base nas cotações dessas datas repete o calculo do exercício anterior. Agora vamos supor que durante esse período a empresa tinha distribuído dividendos no valor de 0,30€ por ação. Soma este valor ao resultado obtido.
8.
O que temos de fazer para saber quando e o que comprar ou vender?
Primeiro, estudar e analisar as ações para perceber o conjunto de fatores que definem e fazem variar o preço:
-
fatores que influenciam as perspetivas sobre o valor futuro da ação como a gestão e a reputação da empresa e das suas marcas, a concorrência e as condições competitivas do mercado, as possibilidades e probabilidades de variações futuras do volume, preço e custos, etc.;
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fatores que influenciam e definem o valor intrínseco da ação, mais analíticos, fundamentais ou contabilísticos como resultados financeiros, ativo e passivo, dividendos, estruturas de capital, etc.;
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fatores que podem influenciar o valor atual da ação, de forma imediata ou temporária, como a divulgação de notícias ou acontecimentos de impacto relevante;
-
e fatores gerais do mercado que podem influenciar não apenas o preço da ação mas todo o mercado de capitais, todo o sistema financeiro ou toda a economia, como decisões sobre taxas de juros, alterações legais ou fiscais, divulgação de dados macro-económicos, crises, catástrofes, eventos geopolíticos, etc..
Segundo, comparar e selecionar as empresas cujas ações apresentem um maior potencial para a atingir os objetivos de investimento pretendidos.
Exercício:
Tenta descobrir outra empresa que esteja cotada em bolsa que ofereça um produto semelhante ao que escolheste inicialmente sendo assim concorrente da tua empresa. Repete os dois exercícios anteriores para essa empresa e compara com os resultados que já tinhas calculado, em qual das duas empresas teria sido o melhor investimento? Agora tenta perceber o impacto do que aconteceu durante o mês de Março de 2020 em ambas as empresas.
9.
O estudo adequado de empresas e ações está tipicamente dividido em três níveis de análise (análise fundamental, análise técnica e análise de notícias) e em dois eixos de grandeza (micro/macro e curto prazo/longo prazo).
A análise fundamental consiste em avaliar de forma aprofundada a empresa, as suas finanças, ativos e passivos, receitas e custos, o seu negócio, mercado, sector, concorrentes e fornecedores, a sua organização interna, etc., para tentar calcular e quantificar o seu valor total, que dividido pelo número total de ações existentes permitirá perceber se o preço a que a ação está a ser negociada no mercado se encontra a abaixo (barato) ou acima (caro) do seu valor real estimado.
A análise técnica passa por estudar a evolução e comportamento históricos do preço da ação ao longo do tempo para identificar tendências, padrões, movimentos de curto, médio e longo prazo, e produzir estatísticas, probabilidades e estimativas que ajudem a antever movimentos do preço de mercado.
A análise de notícias baseia-se no estudo de informações difundidas publicamente sobre a empresa e o seu negócio, sobretudo em notícias financeiras e económicas que divulguem factos ou acontecimentos de potencial impacto no preço das ações tanto no curto como no médio/longo prazo, também baseado no impacto de notícias semelhantes no passado, para reagir oportunamente a variações do preço antes da reação generalizada do mercado.
Exercício:
Investor
Relations
Vai ao site oficial da empresa escolhida e procura a página de "Relações com Investidores" ou "Investor Relations" em inglês. Se tiveres escolhido uma empresa estrangeira e tiveres dificuldade com a língua, escolhe uma empresa portuguesa cotada em bolsa. Nessa página vais encontrar um conjunto de informações relevantes divulgadas pela própria empresa, coisas como resultados da actividade, relatórios de contas, apresentações do negócio, comunicações ao mercado e eventos importantes. Explora toda esta informação e procura o último relatório anual disponível da empresa para dares uma vista de olhos, nele vais encontrar uma descrição detalhada sobre a actividade da empresa e todo um conjunto de informação financeira que ajudam a perceber o negócio da empresa e o seu valor.
10.
Investir em ações é participar e contribuir para a economia e para a sociedade ao alocar recursos próprios no mundo empresarial, e procurar obter ganhos futuros de rentabilidade resultantes da tomada de decisões ponderadas e baseadas em estudos e análises adequados, assumindo riscos e recorrendo a ferramentas e tecnologias disponíveis.
As três regras básicas para ganhar dinheiro com ações são:
-
comprar barato e vender caro, não necessariamente por esta ordem;
-
estudar, analisar, comparar e selecionar para saber quando e o que comprar ou vender;
-
e ter sempre margem de manobra e uma rede de segurança para cobrir riscos, porque o futuro é sempre incerto e cheio de surpresas, e nunca é boa ideia investir em ações com o dinheiro destinado a pagar as contas da casa ou da mercearia.
Exercício:
Se é a 1ª vez que chegas aqui,
volta ao ponto 1 e lê novamente
todos os pontos, desta vez sem
passar pelos exercícios.
as 10 coisas
que precisas de saber
antes de investir em ações
para ler COM atenção mais do que uma vez e reflectir
bom trabalho!
faz uma pausa, hidrata-te e estica as pernas antes de continuares
Estes 10 tópicos resumem as ideias fundamentais sobre o investimento em ações e servem de ponto de partida para uma aprendizagem mais aprofundada que poderás desenvolver com os nossos outros cursos e workshops.
Se quiseres podes ficar com uma cópia para estudares mais tarde.
CHEGASTE AO FIM DA PRIMEIRA etapa!
faz uma pausa de 5 minutos
e prepara-te para testar o que aprendeste
quiz
COMEÇAR DO ZERO
Responde às seguintes perguntas de escolha múltipla que preparámos para ti.
Estás quase a chegar ao fim!
para terminar queremos partilhar contigo
6 dicas para quem quer começar a investir em ações
APRENDER E GANHAR COMPETÊNCIAS
1.
A primeira coisa que deves fazer é aprender, estudar, testar e experimentar para ganhares competências e conseguires obter bons resultados. Todos os grandes investidores da Bolsa têm uma coisa em comum: estão sempre a aprender e a tentar melhorar dia após dia.
PSICOLOGIA E MENTALIDADE
3.
A psicologia e o estado mental têm um peso muito importante na actividade de investimento e de trading, sobretudo pelas exigências associadas à constante tomada de decisões, ao stress proveniente da incerteza e instabilidade dos mercados, e ao peso psicológico e cultural de perder e ganhar dinheiro. Treinar e construir uma mentalidade adequada aos mercados é uma das coisas mais importantes para quem investe em ações. Algo que pode ajudar no início: apenas investir montantes que não façam falta nem sejam necessários para cobrir despesas no curto ou médio prazo e não olhar para esses valores como dinheiro mas sim como um mero instrumento que permite investir e participar nos mercados de capitais.
EVITAR OS ERROS COMUNS
5.
Não ter ideias de investimento bem formuladas e comprar e vender na altura errada. Pagar comissões altas demais. Investir sem margem de manobra para cobrir riscos e aproveitar oportunidades inesperadas. Não reinvestir os ganhos gerados para os capitalizar e maximizar a rentabilidade total do investimento. Investir sem conhecer bem os contornos do negócio alvo do investimento. Deixar que a volatilidade diária e o comportamento instável dos preços influencie a visão e as convicções sobre o investimento planeado. Confundir sorte ou azar com resultados fruto de decisões ponderadas e baseadas em estudo e conhecimento. Pensar que se pode bater o mercado facilmente. Confundir estratégias passivas de investimento (dividendos, ETFs, fundos indexados...) com estratégias ativas (stock picking, value investing, trading...). Estes são alguns dos erros mais comuns de quem investe em ações, e por vezes os mais difíceis de evitar mesmo por pessoas experientes.
PROCURAR MENTORES E PESSOAS CREDÍVEIS
2.
É importante encontrar pessoas credíveis e experientes ao longo da vida e sobretudo quando se está a começar, pessoas que partilhem o mesmo interesse pelo investimento em ações e que estejam disponíveis para partilhar experiências, trocar insights e perspetivas diferentes, para testar e confrontar ideias de investimento, e também para ensinar ou aprender coisas novas. Se não conheceres ninguém pessoalmente, começa por seguir e acompanhar personalidades e figuras públicas com reputação na área.
ESCOLHER O ESTILO DE INVESTIMENTO
4.
Existem vários estilos ou tipos de investimento e para cada estilo um conjunto de competências, técnicas e estratégias melhor adequadas. Queremos investir a longo prazo, 5, 10, 20, 40 anos ou mais numa lógica de curto prazo, 1 ano, meses, semanas, dias, horas? Estamos dispostos a assumir muitos ou poucos riscos? Vamos basear as nossas decisões mais em análise fundamental ou mais em análise técnica? Vamos executar estratégias mais agressivas e especulativas ou mais ponderadas e conservadoras, ou vamos procurar um estilo híbrido e tentar um pouco de tudo? Antes de começar a investir é importante refletir sobre este tipo de questões e decidir que tipo de investimento queremos seguir ou que melhor se adequa às nossas características.
GARANTIR CAPITAL E RECURSOS INICIAIs
6.
Precisas de capital inicial para começar a investir. É importante ter disponibilidade financeira e mental para te desligares emocionalmente do dinheiro com que começares a investir. Isto significa que não podes precisar deste dinheiro para outras coisas como pagar a renda ou fazer face a necessidades básicas. Deves ter consciência de que existe a possibilidade de perder uma grande parte ou até a totalidade do dinheiro investido. Obviamente o objetivo não é perder, mas se te conseguires desligar emocionalmente do dinheiro irás também conseguir tomar decisões superiores, pois muitos dos erros cometidos por investidores principiantes têm na sua origem questões psicológicas. O montante inicial para começar a investir depende dos recursos financeiros e do património pessoal de cada um, no entanto existem mínimos de capital usualmente exigidos pelos intermediários financeiros para abrir contas que permitam ter acesso ao mercado. Manter reservas de capital também é importante para gerir riscos e aproveitar oportunidades.
Parabéns! Chegaste ao fim deste nosso pequeno curso introdutório Começar do Zero.
Obrigado por escolheres a Academia de Bolsa.
